COLLISION 2022

Enquanto os cariocas "sofrem" com o inverno de 20º graus, resgatando luvas e gorros do fundo do armário, os moradores de Toronto no Canadá esbanjam seus shorts e camisetas enfrentando a mesma temperatura na cidade. Era 23 de junho e chegamos em uma cidade onde, para nós, o inverno e o verão se misturavam.
A equipe da Invest teve a oportunidade de sentir o clima de um dos mais importantes eventos de tecnologia da América do Norte e da mesma forma que sentimos o calor gostoso ao sol, a sombra na cidade trazia também o frio não apenas no clima, mas também para o mercado de inovação, com demissões e rodadas de investimentos cada vez mais complicadas.
Esse “inverno” se somou ao das cryptos, que não é nenhuma novidade para quem já está no setor há mais tempo. Algo parecido aconteceu em 2017 e 2018 com o preço batendo suas máximas e caindo depois para valores de anos atrás. O que foi mais interessante, durante as discussões no evento, é que não havia dúvida de que esse novo mundo crypto chegou para ficar. Portanto, assim como as estações do ano que vão e voltam, o sentimento geral é que daqui a algum tempo, o verão retornará.
De forma geral, o evento é uma cópia do Web Summit em Lisboa – o que é ótimo para aqueles que já conhecem. Por ser um evento com tantas coisas interessantes para ver e tantas pessoas incríveis para conhecer, o importante é saber o que se quer tirar dele.
A experiência em Lisboa me fez ir com um plano debaixo do braço. Assim, resolvi que meus objetivos seriam: (i) a trilha de investimentos e (ii) o networking, do qual o evento é tão rico em proporcionar. Dessa vez, diferente do Web Summit, o Collision foi uma experiência bem mais fluida.
Na parte da manhã, reservava para ouvir grandes palestrantes:
Roham Gharegozlou, da Dapper LABs, foi enfático em dizer que estamos no momento de construir, ou seja, agora em meio à recessão é que as grandes oportunidades para os desenvolvedores aparecem. Foi assim com Uber, Airbnb e tantas outras criadas em meio a um "inverno".
Gavin Wood, fundador da Blockchain Polkadot e um dos primeiros a construir o Ethereum, deu uma aula ao falar do poder da Web3. Assim como nós, ele também não sabe para onde esse mercado vai. A única certeza é que esse setor traz elementos fundamentais para o mundo como: descentralização, transparência e propriedade intelectual para as pessoas. Elementos esses que abrem um leque tão grande de oportunidade, que, segundo ele, somente aqueles que vivem o seu problema específico vai poder resolvê-lo através dessa ferramenta. E que Web3 é isso: uma ferramenta.
Brad Garlinghouse, da Ripple, nos provocou a refletir: como deveria o regulador olhar para o mercado de crypto? No caso dele junto à SEC, a CVM americana, mostrou os seus próprios desafios. Um ponto, muito interessante levantado é que o regulador normalmente olha para trás ao pensar em uma nova regra. Mas se estamos discutindo um ativo, commodity ou valor mobiliário que não se encaixa dentro dessas caixinhas passadas, deveríamos usar as premissas antigas para regular ou deveria o regulador também inovar?!
Grande participação feminina
Agora, não é só de crypto que o evento vive. Foi impressionante ver o número de mulheres no evento, que dessa vez chegou a 44% do público, mas também o espaço que elas tiveram no palco e o quanto precisamos aumentar a diversidade em geral.
Destaque para um painel brilhante com Maelle Gavet, da Techstars, e Renata Quintini, da Renegade Partners. Foi uma aula da importância de startups abraçarem a cultura da diversidade e não por ser "bonitinho" ou estar na moda. Nas palavras delas, sócias de firmas de Venture Capital, contratar mulheres ou tê-las em posições de decisão na empresa não é uma questão de caridade, mas sim uma questão de resultado. Elas não estariam em suas posições investindo milhões, se elas não dessem resultado e nem as startups que elas investem. São tão motivadas pela competição, entrega e ambição quanto seus pares, em sua maioria homens.
Por fim, como mencionado no início do texto, Web Summit e Collision são eventos de conexão. Você vai encontrar todas essas pessoas que lemos nos nossos sites e blogs favoritos lá, prontas para serem abordadas conversar, ouvir sua ideia ou apenas para tomar um café.
Aliás, vale lembrar que o evento não são só 4 dias em um pavilhão gigantesco, os jantares e os night summits promovidos por eles mesmos fazem esse networking ficar ainda mais forte. Foi assim que tive o privilégio de passar um jantar conversando com o founder da Rappi e da Toptal, aprendendo, rindo e me conectando com essas pessoas extraordinárias.
Ano que vem, esses mesmos participantes que me deixaram de queixo caído com a habilidade de entender que o mundo é feito de ciclos, ou nesse caso estações, estarão aqui no Rio de Janeiro em maio de 2023. Será imperdível!
See you soon, guys!